Ramadã – Entenda o que é, costumes e como é viajar nesse período para países islâmicos
- gabrielmazuad
- 11 de abr. de 2023
- 6 min de leitura

“Ramadan Mubarak “. É com esta frase, dita em árabe, que os cerca de 2 bilhões de muçulmanos do mundo deverão começar o mês mais importante do ano para o islamismo: o Ramadã. A expressão é usada para desejar que este período – tão esperado por eles – seja abençoado.
O nome Ramadan – ou Ramadã (em português) – é dado ao nono mês do ano da religião islâmica, regida pelo calendário lunar – que possui 354 ou 355 dias.
Na religião, todos os meses levam um nome e o nono é chamado de Ramadã, que, segundo o islamismo, foi o mês em que Deus – em árabe Allah – revelou o livro sagrado para eles, o Alcorão.
Apesar de leigos acharem que é apenas um período de jejum, o Ramadã é muito mais do que isso. Este é o mês usado pelos muçulmanos para reflexão, balanço e estreitamento de laços com Deus e pessoas ao seu redor. É como se fosse um período para que todos buscassem suas melhores versões.
Sua importância geral deve ser levada em consideração pelos turistas ao planejarem uma viagem a países em que o islã tem forte presença, como Indonésia, Emirados Árabes, Qatar, Egito, Síria, Marrocos, Turquia, entre outros.
Quanto tempo dura o Ramadã?

O Ramadã se estende por 29 ou 30 dias. O início do Ramadã é determinado por meio de cálculos ou de observação astronômica. O marco para o fim do Shaaban (oitavo mês do calendário islâmico) é o aparecimento da Lua crescente. No 29º dia desse mês, a Lua crescente é procurada no céu; se avistada, o Ramadã inicia-se no dia seguinte.
Caso a Lua não seja avistada e os cálculos não apontem o início dela, o dia seguinte será o 30º dia do Shaaban, e, assim, o Ramadã se iniciará depois que ele se encerrar. Esse processo também é usado para definir o fim do Ramadã e o início de Shawwal, o décimo mês do calendário islâmico.
Esse processo deve ser realizado com bastante atenção, porque o aparecimento da Lua crescente é um fenômeno que acontece por aproximadamente 20 minutos. Por ser uma celebração baseada em um calendário com duração menor que o calendário gregoriano, isso significa que em cada ano, a celebração ocorre em um período diferente."
Qual é a importância do jejum no Ramadã?

Ao longo do período do Ramadã, os muçulmanos devem realizar um jejum (sawm) como celebração à revelação do Alcorão ao profeta Muhammad. Como mencionado, o jejum é uma prática obrigatória do islamismo e faz parte dos cinco pilares dessa religião. Seu intuito é permitir que os filhos de Allah possam se aproximar dele e crescer espiritualmente. A importância do jejum pode ser identificada no próprio Alcorão:
183. Ó vós que credes! É-vos prescrito o jejum, como prescrito aos que foram antes de vós, para serdes piedosos.
184. Durante dias contados. E quem de vós estiver enfermo ou em viagem, que jejue o mesmo número de outros dias. E impende aos que podem fazê-lo, mas com muita dificuldade, um resgate: alimentar um necessitado. E quem mais o faz, voluntariamente, visando ao bem, ser-lhe-á melhor. E jejuardes vos é melhor. Se soubésseis! |1|
Essa citação também nos ajuda a perceber que, apesar de obrigatório, a fé islâmica permite algumas exceções ao jejum. Assim, pessoas doentes, idosos, crianças, mulheres grávidas, em amamentação ou menstruadas e pessoas em viagem não são obrigados a jejuar. Nesses casos, o jejum pode ser reposto no restante do ano antes do próximo Ramadã. Em último caso, se a pessoa não tiver condição de cumprir o jejum, ela deve alimentar uma pessoa necessitada por dia de Ramadã."
Como é o jejum do Ramadã?

O dia de um muçulmano durante o Ramadã se inicia cedo, pois por volta das quatro horas da madrugada acontece a Suhur, a primeira refeição do dia. Logo em seguida, ocorre a Fajr, a primeira oração do dia.
Depois que o Sol se põe, os muçulmanos realizam a Magrib, uma oração, e o Iftar, a refeição da noite, que é tida como um momento de comunhão das pessoas. Um alimento muito importante ao longo do período do Ramadã são as tâmaras.
É muito comum também que, ao longo do dia, as pessoas se reúnam nas mesquitas para fazer as suas orações diárias. Além disso, as pessoas tendem a aumentar a sua devoção nos dez dias finais do Ramadã, pois acredita-se que a revelação do Alcorão para Muhammad aconteceu nos últimos dez dias desse mês.
Outros costumes praticados durante o Ramadã
Os sacrifícios físicos cobrados com o jejum são apenas uma parte do Ramadã, uma vez que esse mês, por ser sagrado, é um momento em que as pessoas se aproximam de Allah. O Ramadã é considerado o mês do perdão, então é um momento para que os muçulmanos possam se reconectar com Allah a fim de terem seus pecados perdoados e de se tornarem pessoas melhores.
Dessa forma, algumas práticas dos muçulmanos são reforçadas nesse período. Nesse caso, estamos falando das orações e das recitações dos versos presentes no Alcorão. Durante o Ramadã, também são reforçadas as práticas de caridade, outro dos pilares do islamismo. Os muçulmanos também evitam brigas, desentendimentos e todo tipo de mentira.
Encerramento do Ramadã

O Ramadã é encerrado em uma celebração conhecida como Eid al-Fitr, o que pode ser traduzido como “festival de quebra de jejum”. Nesse festival, são feitas celebrações que se estendem por três dias e em que há muita comida. Esses três dias são entendidos como feriado em muitos países muçulmanos, e neles é muito comum que as pessoas troquem presentes entre si."
O que os turistas precisam saber sobre o período?

Como veremos a seguir, viajar durante o mês de Ramadã traz experiências únicas e imperdíveis para quem deseja conhecer mais sobre a cultura islâmica. Porém, esse período também pode vir com uma série de restrições e inconveniências, como:
A questão da alimentação, mais conhecida quando se fala em Ramadã, é um ponto importante de fato. O jejum é seguido à risca pelos muçulmanos – que não devem ingerir nada sólido, gasoso ou líquido da Aurora ao Pôr do sol – nem água.
Em alguns países isso pode durar mais ou menos horas por conta de questões climáticas. No Brasil, ele deve acontecer entre 6h e 18h – são estimadas cerca de 1 milhão e 100 mil pessoas muçulmanas no país.
Entretanto, isso não faz com que outras atividades sejam modificadas ou paralisadas durante o dia. Muito pelo contrário: a orientação é que todos sigam suas vidas normalmente. Por isso, principalmente em países em que o turismo é forte, os principais pontos de visitação continuam abertos.
Caso seja a data escolhida pelo turista, vale ressalta que não comer nas ruas durante o dia é um ato delicado e esperado pelos mulçumanos em sinal de respeito. A forma de se vestir, evitando a exposição do corpo, também é vista de maneira respeitosa. Ele, entretanto, faz questão de enfatizar que jamais haverá punição ou hostilização a algum turista menos atento.
Os pontos turísticos ficam abertos?
É claro que cada país e suas diversas cidades possuem particularidades quanto a aberturas e fechamentos no período de Ramadã – restaurantes e barracas muito locais podem fechar durante o dia, por exemplo. É recomendado entrar em contato direto com o local durante o mês para confirmar se há alguma mudança, mas em linhas gerais tudo segue de forma normal.
Em Dubai, nos Emirados Árabes, por exemplo, a grande maioria de estabelecimentos fica aberta. Inclusive, alguns locais têm horários estendidos para que as pessoas possam fazer compras, socializar e passear depois do desjejum.
Além disso, a época pode ser oportuna para quem deseja conhecer melhor a cultura do país, pois, durante o Ramadã há eventos culturais em toda a cidade. O Ramadan Night Market, por exemplo, é um mercado popular que funciona durante a noite e oferece uma grande variedade de produtos, como roupas e decoração, além de grande variedade de opções culinárias, da comida árabe tradicional à gastronomia internacional.
Visitantes também podem conhecer o Museu Etihad, dedicado à história dos Emirados Árabes Unidos que, nesta época, possui uma programação especial.
Os shoppings também oferecem atrativos. Além do horário de funcionamento estendido há também opções de entretenimento ao vivo, como música tradicional e apresentações de dança.
Vale a pena viajar durante o Ramadã?

Por outro lado, o turismo durante o mês de Ramadã oferece diversos benefícios. O principal deles é a oportunidade de imersão nos costumes islâmicos, tendo em vista que esse é o tema que permeia o dia a dia de todos, e os visitantes podem aproveitar para aprender mais sobre as suas crenças e práticas religiosas.
Vale notar que, após o pôr do sol, as pessoas costumam se reunir para quebrar o jejum diário em uma ceia conhecida como iftar. Algumas ceias são realizadas em público, e os visitantes podem se juntar aos moradores locais para conversar e festejar.
Além disso, viajar durante o Ramadã traz as vantagens de conseguir se deparar com pontos turísticos mais vazios e preços de hospedagem mais acessíveis. Isso porque várias pessoas preferem visitar os países islâmicos durante os outros meses, a fim de evitar surpresas e ter experiências mais comuns.
Por fim, ao viajar nos últimos dias do Ramadã, os visitantes também podem participar das festividades do Eid al-Fitr, aproveitando para apreciar as decorações vibrantes e coloridas, as comidas e os trajes tradicionais que permeiam esse festival.
Eai, você conhecia o Ramadã? Já visitou algum país islâmico nesse período? Comente!